Já fazia cerca de duas horas que o despertador tocara, porém Marcela continuava em sua cama, em um estado de contemplação do nada. Sua majestosa ociosidade sempre foi algo que seus familiares desaprovavam. Sua meditação matinal foi interrompida com o barulho do celular. No whatsapp, uma mensagem convidativa “Meninas, preciso de ajuda para escolher o presente do meu namorado, quem se habilita a ir comigo ao Casarão?”. A apatia de Marcela às coisas mais triviais da vida era tanta, que o primeiro pensamento que passara sobre ela era “vou continuar aqui para sempre”, mas não podia deixar de lado o pedido de uma amiga de longa data. Deixou sua (in)atividade para a posteriori e se dirigiu ao bairro vizinho.
O Casarão era um antiquário em estilo neoclássico que surpreendia por sua beleza, era um ponto tradicional imerso em um amontoado de casas de alvenaria no bairro de Cajueiro. Em frente ao Casarão já se encontravam Denise, Renata, Roseth e Alba, a amiga que realizara o convite.  
— Que demora! — falou Roseth aborrecida pela espera.
— Tudo bem! O que importa é que você está aqui! — exclamou Alba sorridente.
E adentraram as cinco no antiquário. Lá dentro havia um pouco de tudo, desde livros raros até móveis nos mais diversos estilos. As cinco observavam tudo minunciosamente à procura do presente perfeito. Após vários minutos de indagações e discussões sobre qual deveria ser o presente, Denise sugere animadamente:
— Gente, eles estão comemorando três anos de namoro! Tem que comemorar como? Bebendo, é claro! Então leve logo essas taças de cristal aqui —  As cinco riram-se.
Alba e as demais concordaram com a sugestão de Denise e foram ao caixa. Esperaram a vendedora idosa empacotar as taças caprichosamente num papel dourado e se encaminharam a saída. Marcela que estava à frente do grupo abriu a porta, entretanto algo muitíssimo curioso acontecera, a pequena escadaria de três degraus que as levaria a calçada se multiplicara. Havia cerca de dez grandes escadarias com portas ao final de cada uma delas, em todas direções, tal qual as escadarias da famosa litografia “Relativity” de M. C. Escher.
— Meninas, fiquem juntas! O que se passa aqui é muito surreal. — aconselhou Renata sobressaltada.
Marcela nunca havia presenciado nada parecido em sua vida e tinha a certeza que ninguém no mundo também não. Ficou tão temerosa com a situação insólita que fechou os olhos fortemente na espera de que tudo aquilo fosse um sonho. Ao abri-los, segundos depois, viu que estava em frente a escola do bairro de Cajueiro que ficava a alguns metros do Casarão. “Como assim? Como vim parar aqui? Onde estão as outras?” indagava angustiada a si mesma. Na esperança de encontrar suas amigas, a jovem corria desesperadamente pelas ruas desertas do bairro, entretanto não chegava a lugar algum, sentia-se num labirinto. Parecia até que o universo decidira que nenhuma rua, a partir daquele dia, teria saída.
No alto de seu desespero, a garota finalmente encontra as primeiras pessoas próximas a um telefone público, percebe que essas pessoas eram velhas conhecidas de um antigo emprego seu e pede ajuda para fazer uma ligação. Porém não conta detalhes do ocorrido, explica apenas que se perdeu de suas amigas. “Seria tudo uma ilusão?” reflete. Marcela ligou diversas vezes para os números que tinha em mente, mas não obteve resposta de nenhum deles. Aflita com toda a situação começa a chorar copiosamente, enquanto que as outras pessoas não entendiam bem o motivo de tanta aflição por um simples desencontro de amigas. Agradece a ajuda e se retira de perto delas.
Parece que agora o universo voltara atrás de sua decisão. Marcela consegue retornar ao Casarão, mas suas amigas não estão mais lá. Também não teria coragem de entrar “e se tudo se repetir?”. De lá saem dois homens distintos com trajes tão antigos e belos quanto os objetos do antiquário. Todavia, não eram apenas os trajes que eram belos, os homens possuíam uma beleza marcante, digna de um Adônis. Sem um motivo aparente, ambos olham colérico para Marcela como se ela tivesse cometido um crime grave e dirigem-se até ela com passos firmes, percebendo rapidamente a fealdade em meio a beleza deles, por mais uma vez, a garota sai como fugitiva daquele mundo ininteligível, nebuloso e misterioso.
Ofegante, depois de tantos percalços, chega em casa. Grandioso alívio. Nunca pôde imaginar que o recinto, onde passava boa parte dos seus dias tediosos pudesse parecer uma fortaleza inatingível. Mesmo esbaforida com tudo o que acontecera queria saber da segurança de suas amigas e queria isso já. Ligou para a casa das irmãs Alba e Roseth e a mãe delas atendera...
— Eu não estou entendendo o que você está dizendo, elas não saíram de casa hoje. — disse a mãe confusa com o relato que acabara de escutar.
“Como assim? Quem não está entendendo mais nada sou eu!”. Pediu desculpas a mãe das meninas e ligou para a casa de Renata…
— Renata está na casa da cunhada dela desde cedo.
“Não é possível! Isso só pode ser brincadeira”. Por fim, ligou para a casa de Denise...
— Eu não saí de casa hoje, deixa de invenção! — falou Denise gargalhando.
Marcela não entendia mais nada. Angustiada com as coisas que acabara de ouvir, não teve outra reação a não ser chorar, chorar excessivamente. Perdida em meio a questionamentos e incertezas. Tempos depois, havia descoberto que aquele fora seu primeiro surto psicótico. Uma pesarosa combinação de realidade e fantasia. Um mundo paralelo, cujas portas de entrada passaram a ser fechadas com doses diárias de risperidona.   


2015, sem dúvidas, foi o ano de maior visibilidade mundial para o grupo de dança neozelandês  ReQuest. Os usuários assíduos de vídeos de música pop no Youtube já devem ter se deparado com as meninas do ReQuest pensando se tratar das dançarinas do cantor em questão e não de um grupo independente de dança.

A primeira vez que as vi foi no então recente “Hello Bitches” da cantora de K-pop CL. O videoclipe possui uma pegada bem “baddest female” que combina com jeito girlpower de ser das dançarinas. Um adendo para CL que está maravilhosamente incrível dando o seu “Olá” as bitches do mundo, rs. Confiram!

O visual das meninas é composto de cabelos super coloridos contrastando com o body preto de couro, bem estilo dominatrix. Uma pausa para o batom azul bafhônico, quero pra ontem! O que chama atenção no grupo é que TODAS são ótimas dançarinas e, acima de tudo, sabem expressar uma música não somente por movimentos corporais, mas também por expressões faciais. Creio que esse seja um dos grandes diferenciais do ReQuest, coisa que muitos dançarinos andam esquecendo por aí. Fica a dica, rs.

Outra música na qual as meninas dão o ar de sua graça é a top das paradas “Sorry” do Justin Bieber. E mais uma vez, ponto para as neozelandesas! Há uma total adaptação de interpretação da música sem deixar a personalidade do grupo de lado. Em “Hello bitches” tínhamos bad girls com roupas pretas e em “Sorry” temos garotas divertidas com roupas coloridas. Sem falar naquela malemolência. Oh God! Vejam.

Além desses videoclipes, que são os meus preferidos do momento, o ReQuest figura em “Goin’ In” de JLo ft. Flo Rida e “I want this forever” do também neozelandês Vince Harder. Espero vê-las mais vezes em grandes videoclipes. 2016 é delas, é nosso! Até mais!